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A fuga - Parte 2

  • Foto do escritor: Relatos e Crônicas com Giselli Oliva
    Relatos e Crônicas com Giselli Oliva
  • 23 de jun.
  • 3 min de leitura
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Tem gente que já é atleta desde pequeno. Tem gente que catapulta.

Eu sempre dancei. Fiz ballet, jazz, dança flamenca, contemporâneo, royal. Fiz natação, mas

minha professora de dança disse que a natação alargava minhas costas e que eu tinha que me

decidir entre as práticas. Eu escolhi a dança. Entrei para a faculdade. Parei tudo. O tempo

passou, mudei de país, mudei de país de novo, minha vida mudou completamente e, finalmente,

a filha pródiga retornou à casa.


Em 2020, após o falecimento de meu pai, eu me joguei no trabalho. Tive dois burnouts entre

2021 e 2022 e, nesse ínterim, entrei como voluntária da causa animal em Indaiatuba – como já

relatado em um outro texto.


No final de 2022, eu e minha mãe passamos o Natal e o Réveillon em Brotas. Brotas foi uma

surpresa na minha vida: passou de simples distração da fuga desesperada que eu tinha dos meus

burnouts para o lugar onde todos os meus amigos achavam que eu estava morando! Eu nunca

estava em São Paulo. Brotas tinha virado compromisso fixo na minha agenda.


Inicialmente, Brotas era a cidade onde eu podia, semanalmente, exalar minha adrenalina,

acumular dopamina e serotonina e daí, recarregada, eu voltava para São Paulo, minha realidade.

Foi assim até quando fui convidada a participar, despretensiosamente, de um Campeonato

Brasileiro de rafting, em abril de 2023. Pulei deste para um Mundial de rafting em julho do

mesmo ano na Itália e, em novembro, participei de outro brasileiro que nos deu pódio para

participar do Pan-americano de rafting em outubro de 2024, no Chile.


Pois bem, você deve estar se perguntando: e daí?

Sem querer parecer clichê, o esporte salva, o esporte faz você conhecer lugares e pessoas que

você nunca imaginou. O esporte distrai, dá ânimo, transforma. O esporte melhora seu foco, sua

imagem, alegra seu coração, lhe provê a adrenalina que a sua vida necessitava tanto sentir

novamente. O esporte faz você ter novas rotinas, novos movimentos, novas descontrações. O

esporte faz você querer se cuidar mais, faz-lhe mais disciplinado, mais estratégico, mais astuto.

O esporte pode salvar vidas. Se falarmos em desenvolvimento social, o esporte pode tirar

crianças e adolescentes das ruas, faz esses indivíduos buscarem novos objetivos, novos anseios.

Bons atletas servem de exemplo.


O atleta vitorioso, medalhista, somente sobe em um pódio

porque treinou, se esforçou, obedeceu a tarefas disciplinares, abdicou das noitadas, do

divertimento. Foi centrado, porque sabia que aquele esforço seria recompensado no futuro. Um

atleta nunca é imediatista, sempre pensa a médio e longo prazo.


Obviamente o poder público tem muito a aprender em relação à isso. O desleixo perante

iniciativas para as categorias de base é gritante. Se falarmos então de esportes não-olímpicos,

próprio como o rafting, é frustrante. Muitos atletas devem pagar do próprio bolso para as

inscrições de um mero campeonato. O patrocínio e ajuda são escassos.


Infelizmente o esporte não está no patamar que gostaríamos apesar de todos os benefícios:

menos indivíduos entregues ao crime, procura por alimentação e hábitos mais saudáveis, filas

mais curtas nos hospitais, menor dispêndio farmacêutico e, seguramente, uma sociedade mais

civil. Estar envolvida com esporte é uma tarefa difícil e um trabalho de formiga. Não são só flores

e há muito ego e incompetência por parte de alguns administradores. Contudo, são muito

maiores os benefícios de sua prática.


Por isso, eu agradeço por tudo o que eu passei, pois, se eu estou onde estou, se eu faço o que

eu faço, se eu pude me redesenhar, se eu pude voltar a me abraçar, é graças a um passado que

me guiou até aqui.


Giselli Oliva

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